domingo, março 25, 2007

Deus criou tudo, quem criou Deus?

Neste post venho abordar mais uma questão, bastante usada para de alguma forma pôr em causa a existência de Deus, vamos também ver que é mais uma questão sem sustento.

Tudo o que existe tem uma causa
Se Deus existe tem de ter uma causa
Deus não tem causa
Logo Deus não existe


Este argumento está filosoficamente bem feito, mas temos de provar que as premissas são verdadeiras para o aceitarmos. Se as premissas forem verdadeiras é plausível que o argumento aponte para a inexistência de Deus, se por outro lado as premiças forem falsas então este argumento não demonstra sustento.

Esclarecendo a lei da causalidade
Se conseguirmos provar que a primeira premiça não se aplica a Deus então o argumento não tem viabilidade. Vamos a isso.
Existem leis universais que são obviamente axiomas, como a lei da causa efeito, mas talvez tenham excepções.
A lei da causalidade, causa efeito, foi descoberta observando o universo, se alguma coisa não está delimitada ao universo, então essa lei pode não ter efeito a essa coisa.
A Bíblia demonstra que Deus não está limitado ao universo, Ele mesmo o criou, logo Deus pode não estar condicionado à lei da causalidade, uma vez que não tem limites de qualquer nivel, seja ao nível do espaço, ou do tempo.

Criador das leis
Deus que criou tudo, logo também criou as leis de tudo o que criou, logo se Deus criou as leis, Ele existia antes das leis, logo não está condicionado a essas leis. Desta forma observamos que a lei da causalidade não se aplica a Deus.

Conclusão
Desta feita vamos reformular o argumento e as premissas:

Tudo o que existe no universo tem uma causa
Deus está além do universo
Logo, Deus não carece de causa


sexta-feira, março 02, 2007

O argumento não demonstra sustento

Neste post vou abordar provavelmente as duas perguntas mais delicadas no que diz respeito a Deus e à sua existência, que são:

1ª Se um Deus perfeito e todo-poderoso existe, então como é possivel existir o mal?

2ª Quando Deus criou os seres humanos, sabia a priori que alguns iriam para o Inferno, então porque mesmo assim os criou?


PERGUNTA 1

Intro
Vamos começar pela primeira.
A pergunta é plausivel, mas não tem senso em relação à primeira permissa (Se um Deus [...] existe...). Porquê? Porque a existência do mal aponta-me para a existência de um agente maléfico (Satanás) e não para a inexistência de Deus. Mas vamos mais fundo. Suponhamos que alguém alteraria a pergunta para qualquer coisa assim:
Se um Deus perfeito, amoroso e todo-poderoso existe, então porque permite a existência do mal?
Em primeiro lugar, onde fomos buscar a ideia de mal e bem? Nasceu connosco, como tal o próprio Deus capacitou-nos para detectar o mal e o bem. C. S. Lewis disse:

[como ateu], meu argumento contra Deus era que o Universo parecia cruel e injusto demais. Mas de que modo eu tinha esta ideia de justo e injusto? Um homem não diz que uma linha está torta até que alguém tenha uma ideia do que seja uma linha recta. Com o que eu estava comparando este Universo quando o chamei de injusto?(1)

Contra Argumento
Se esta primeira pergunta for usada como reveladora da inexistência de Deus, então nesse caso, teremos de inverter a pergunta:
Se um Deus perfeito, amoroso e todo-poderoso não existe, então porque existe o bem?
Se por existir o mal Deus não existe, então por existir o bem Deus existe! Estou simplesmente a usar a lógica da primeira pergunta. Então Deus, o mal e o bem podem coexistir e ser explicados, vejamos o que disse G. K. Chesterton:

O mal é tão mau que não podemos evitar pensar que o bem é um acaso; o bem é tão bom que ficamos certos que o mal pode ser explicado.(2)

Livre Arbítrio
Apenas o ser humano se preocupa com a questão do mal, os animais simplesmente vivem como se nada fosse, mas o homem vive inquieto, procura soluções e respostas, parece-me que este peso sobre o ser humano acerca desta questão seja o indício de que este seja o culpado, ou um dos culpados da existência do mal, a Bíblia diz percisamente isso.
De facto, o mal entrou no mundo porque o ser humano o permitiu, o mal não é nada mais, nada menos que ausência de bem. Quando Adão e Eva pecaram eles rejeitaram a voz de Deus e assumiram a possibilidade dessa voz estar errada, ou seja, puseram o bem para o lado e aí começou o mal.
Hoje em dia o mesmo acontece, Deus como não criou seres robóticos, deu a liberdade para o ser humano escolher, tanto matar uma pessoa como salvar uma vida, porém um dia as coisas mudarão.
Deus podia impedir acontecimentos, como o 11 de Setembro, mas para o fazer também tinha de impedir cada um de nós de fazer seja qual mal fosse, ainda que "pequeno", como mentir ou até ter a intenção de mentir.

Benefícios do Mal
Se o mal existe, então podemos valorizar melhor o bem. Quem é que pode ser chamado de corajoso se não enfrentou nenhuma situação de perigo? E a comida não sabe melhor quando temos fome? Experimentar o ódio não nos faz alegrar mais com o amor?
Ainda que melhor fosse o mal não existir, uma vez que existe, ele pode ter um propósito sublime.

O Ovo
Vamos desmaterializar a nossa maneira de pensar. Jesus é enfático no que diz respeito à desmaterialização da nossa maneira de pensar. Jesus sempre dizia para pensarmos mais na vida eterna do que na terrena, no céu e não na terra, procurar os tesouros do paraíso e não os do mundo, etc, etc.
Imaginemos a vida como um ovo, esta fase que vivemos é apenas a casca, a casca serve para manter o interior do ovo conservado, interior esse que tem utilidade. Desta forma devemos ter em mente a eternidade e não a efemeridade desta vida, afinal ela é só a casca. Com esta maneira de pensar olhamos para o mal como algo que não existirá na vida eterna no céu, encaramos o mal como algo efémero.
Quando matam uma criança, atónitos, muitos de nós perguntamos: Porque Deus permitiu? Bem, Deus agora tem essa criança no céu e ela está bem melhor que nós, seu corpo era a casca, mas o seu interior é muito mais importante.

O Fim do Mal
O mal e todos aqueles que amam o mal vão para um sítio chamado Inferno. Quem não ama o bem já ama o mal, porque quem ama o mal odeia o bem. Quem não quer ir para o Inferno deve encaminhar-se para o Céu, porque o Céu é para quem quer, o Inferno é para quem não quer. Jesus é para quem quer salvação, Satanás é para quem não quer salvação. Quem quer perdição, não quer salvação. Porque todos nós fomos projectados para ir para o céu, como tal quem não quiser o céu, vai para o local dos que não querem. Com isto Deus faz um favor àqueles que não quiseram que Deus estivesse com eles na terra. Se não quiseram Deus com eles na terra, Deus, no Céu, também não os quererá.

PERGUNTA 2
Intro
A pergunta 1 já foi explicada, mas desta explicação pode suscitar uma outra pergunta, a pergunta 2:
Quando Deus criou os seres humanos, sabia a priori que alguns iriam para o Inferno, então porque mesmo assim os criou?
A estratégia da pergunta é basicamente tentar mostrar que afinal Deus não amou a sua criação e tentar mostrar que a Bíblia se contradiz. Mas não é isso que acontece.
Como é que um Deus que não ama a sua criação, poderia dar-lhe uma exelente habitação, capacidade de ser feliz, amor, preocupação? Ainda que permitindo o aparecimento do mal, chegou ao ponto de dar o seu filho para salvação de TODA a criação e ainda para mais nos tem preparado lugar junto de sí na sua própria habitação, como pode não amar? E ainda hoje ajuda e soluciona, como não ama? Agora vejamos quem somos e tentemos vislumbrar o que é um Deus ilimitado...Amou, defenitivamente amou.
A resposta não é falta de amor, então é outra, mas antes de eu a dizer abordemos melhor a pergunta.


Hipóteses

Deus tinha 5 hipóteses:
1 Não criar nada
2 Ter criado um mundo sem liberdade
3 Ter criado um mundo livre onde não poderiamos pecar
4 Ter criado um mundo livre onde poderiamos pecar mas no qual todos aceitariam a salvação de Deus
5 Ter criado um mundo como temos agora

Vamos comparar a hipótese 5 com todas as outras:
1 Quanto à hipotese 1, não é comparável, não se compara nada com alguma coisa, seria como comparar maçãs com não-maçãs, impossivel.
2 A segunda opção seria sem dúvida uma opção onde não haveria mal, mas também não haveria bem moral, ninguém poderia sentir o amor, seria tudo mecânico.
3 e 4 Estas opções são incompativeis com elas mesmas, sendo livres as pessoas poderiam fazer o que quisessem, se estivessem limitadas a fazer tudo menos pecar, já não seriam livres. Da mesma forma no ponto 4 não existe liberdade, se todos fossem levados a aceitar a salvação então eles já não seriam livres.

A liberdade de escolher implica escolhas, se uns teimam em fazer a má...é exactamente isso, liberdade.

Persciência é diferente de Predestinação
Deus ao criar cada pessoa sabia o que essa iria ser, mas não destinou o que iria ser. A Bíblia está repleta de profecias, as profecias não foram escritas como que sendo predestinações, não, as profecias foram escritas através da presciência de Deus, Deus sabia o que aconteceria antes desse facto acontecer. Judas traiu Jesus, não porque estava profetizado, mas sim porque ele quis.
Então quando Deus deseja mesmo assim criar uma pessoa sabendo que esta escolherá o Inferno, ele não predestina essa pessoa ao Inferno, simplesmente sabe as escolhas que essa pessoa irá fazer.


O Porquê
Para provar que Deus realmente deu liberdade de escolher, para provar que quem não quisesse ir para o céu não iria. Se Deus evitasse o nascimento daqueles que não quereriam estar com Jesus, então Deus não poderia provar que se alguém escolheu o Inferno era para lá que iria. Não estaria na Bíblia que aqueles que praticassem o que Deus não quer e não se arrependessem estariam separados dEle, porque não haveria prova disso.

O Bem está acessivel a todos
O Bem está acecivel a quem quiser, o céu é para quem quiser, se alguém não foi para lá foi porque não quis, Deus jamais colocou no Inferno quem quis o Céu. A pessoa de Jesus Cristo revela isso mesmo, salvação para quem quiser, sem acepção de pessoas.

A Minha Ignorância
Declaro que este texto tem afirmações que não tive espaço para explicar melhor, tem afirmações que não sei explicar melhor e existem coisas que jamais conseguiremos entender. Sei pouco, mas com o pouco que sei, vejo e sinto, através de um raciocínio simples leva-me a estas respostas. O Mal ainda perturba, é dificil entendê-lo, mais dificil explicá-lo. Apenas conhecemos em parte, mas quando vier o que é perfeito o que é em parte será aniquilado(3)

CONCLUSÃO
Este tema defenitivamente poderia ser mais desenvolvido, além do mais existem mais perguntas e mais respostas acerca do mal, do bem e de Deus, mas este post já foi bastante longe...Espero que alguém o leia e compreenda que nenhuma das perguntas abordadas tem sustento suficiente para agredir evidência de Deus.



1 C.S. Lewis, Mere Christianity (Cristianismo puro e simples), pag 45
2 G.K. Chesterton, The man who was thursday (O Homem que era quinta-feira), pag 176
3
1Co 13:10
Philip Yancey, Rumores de outro mundo
Norman Geisler & Frank Turek, Não tenho fé suficiente para ser ateu