segunda-feira, janeiro 25, 2010

O Dogma

O João gosta de jogar Sudoku. Certo dia estava ele com um desses quebra-cabeças cujos os números que tinha para o resolver não eram suficientes para agir com certeza absoluta. Ele não podia colocar nenhum número com certeza em nenhuma casa. Entretanto o avô do João agarra no jogo e acrescenta uma série de números. Nada na altura poderia dizer que estavam certos, da mesmo forma que nada poderia dizer que estavam errados. O João seguiu cheio de fé o trilho aberto pelo avô e conclui aquele puzzle numérico com sucesso.

O João personifica qualquer pessoa diante da vida, diante desta aventura de existir a qual é de alguma maneira um quebra-cabeças. Os números que o avô colocou podemos considerá-los um dogma.
Penso que esta simples história explica que o dogma não é de si mesmo uma coisa má, nem sequer é alguma coisa que nos faz deixar pensar e investigar. Antes pelo contrário ele liberta-nos de um pensamento cíclico e infrutífero para um outro patamar, o qual nos pode fazer chegar ao sucesso, ou que também nos pode desgraçar a folha com o sudoku, e como sabemos, na vida escrevemos com caneta de tinta permanete.
O que se sucedeu nesta história é que o dogma se mostrou verdadeiro pela sua eficácia, exigiu de facto um passo de fé, porém uma fé racional que a cada número registado, verificava todas as casas para ver se realmente o dogma era sensato ou não.
Ao nível pessoal também me considero a preencher um puzzle, cheio de casas em branco e também com os meus dogmas, os quais verifico a veracidade a cada casa preenchida. De facto quanto mais vivo mais vejo o quão verdadeiro é o dogma que adoptei.


8 comentários:

Paco e Taty disse...

QUE VC ACHA DOS DOGMAS...PQ EU AINDA NAO ENTENDO E VC....

natenine disse...

Caro paco, todos têm dogmas. Até a própria matemática os tem, chamam-se axiomas. Cabe-nos saber escolher aqueles que são sensatos.

Paco e Taty disse...

Na epistemologia, um axioma é uma verdade auto-evidente, na qual outros conhecimentos se devem apoiar e a partir da qual outro conhecimento é construído. Contudo, nem todos os epistemologistas concordam que os axiomas, entendidos neste sentido, existam. Vc entende sei que sim...ja isso de escolhas sensatas ja dizia kant que ñ existe escolhas sensatas todas sao formas de escravizar o ser humano...nao sei que vc acha mais isso e a realidade pura e cruel...

Paco e Taty disse...

http://pacomundos.blogspot.com/

esse e meu blog se vc quer olhar algo...

natenine disse...

Paco, nesse caso o próprio kant se escravizava. Visto que para ele era sensato acreditar que todas as escolhas sensatas são formas de escravizar o ser humano.

Darei uma olhada no seu blog.

natenine disse...

Devo porém dizer, que acredito que o dogma e o axioma são coisas distintas apesar de parecidas. O axioma como disse é auto evidente, apesar de alguns serem um pouco complexos (ex. o todo é maior que a soma das partes). Já o dogma não é auto evidente, exige fé e pode ser corroborado pela experiência (muitos axiomas não podem ser experimentados. ex. duas rectas paralelas não se cruzam).

Paco e Taty disse...

Segundo a estética kantiana todo homem, ou seja precisamos ter capacidade de análise crítica para qualquer coisa e ... nesse caso o próprio kant nao se escraviza. E Visto que para ele ser sensato é acreditar que todas as escolhas sensatas são formas de escravizar o ser humano. De acordo com Kant, o hoem em sim nao pode utiliza sua razão de modo privado quando...sua razao nao tem efeito assim....peço a vc que sai da caverna...Saia, da caverna de Platão! Deixe as sombras que ofuscam tua visão!
É a ignorância que te manda para a prisão!, deixe esta ilusão! É a tua ânsia que te causa indigestão... O que está fazendo? O que está pensando? Por acaso cogitando? E e veja que o mundo ai onde vc vive esta metido em dogmas que o que faz es esclavizar o ser intelectum….

natenine disse...

Paco, não me parece que neste debate tenha usado qualquer dogma para defender a minha tese.

Agradeço o facto de me aplicar a alegoria da caverna de Platão, no entanto parece-me presunçoso considerar-se iluminado e a mim um obscuro. Portanto eu só peço humildemente que quando me considera ignorante e aprisionado dentro de uma caverna, veja você mesmo se não é você que está metido numa.

Mas deixe-me explicar a minha afirmação que para si pareceu loucura, mas se ler com um pouco de atenção perceberá o raciocínio.

Se kant acha sensato que uma escolha sensata é uma forma de escravatura. Ele mesmo é escravo dessa mesma ideia que julga sensata. Esse é o problema do relativismo ele pode pretender matar a todos, mas ele é o primeiro a morrer.