terça-feira, agosto 18, 2009

A luta

Fiz o que não queria. Mas como é que eu posso ter feito o que não queria? Eu não fui pressionado por ninguém. Existem duas leis em mim, dois senhores que se opõe um ao outro. Então e tu, já sentiste o vigoroso peso da consciência? Experimentaste essa lei moral que insiste em te fazer ver o dever?
Que tipo de explicação têm uma visão naturalista para esta batalha? Segundo sei nenhuma, porque esta lei moral não serve os propósitos da selecção natural, antes pelo contrário, é-lhe adversa. Pois esta lei opera obstando-nos de fazer aquilo que favoreceria a nossa vida (por exemplo roubar dinheiro a outrém). Logo, inevitavelmente, resta ao naturalismo uma resposta tímida e desprovida de provas, a qual já nos habituámos a ouvir: Simplesmente apareceu. Pois bem, o acaso mais uma vez é chamado à questão.
Mas uma resposta predefinida deve ser excluída por bem do saber. Pois não são os mesmos naturalistas que excluem as respostas predefinidas como: "foi Deus"? Ora uma resposta deve ser fundamentada, caso contrário deve ser rejeitada, em abono da verdade.
Como tal, já que as respostas naturalistas, materialistas, evolucionistas não demonstram sustentabilidade cabe-nos dar uma resposta metafísica.
Pois se é facto que há uma lei comum ao ser humano, e se é facto que não há lei sem legislador, esta lei também tem um legislador, e digo, pela Bíblia, que este Legislador é também o Criador, é também Jesus Cristo ressurrecto com vivas e infalíveis provas. Pois que outro que não o Criador poderia querer o bem e o sustento dos homens?
Pois essa luta dentro de ti é uma prova para o Deus que te quer vencer (num sentido amável), mas não te vence até que tu queiras ser vencido, até que tu queiras tomar uma cruz e ser crucificado diariamente para os teus desejos e tomar os desejos perfeitos do Criador. Pois os teus e os meus desejos podem parecer bons, mas o seu fim é a morte, mas os de Deus ainda que à pequena mente humana pareçam maus, o seu fim é a vida e vida abundante. Daí esta luta, entre o que eu quero e o que Deus quer, esta luta tu deves querer perder para que possas ganhar, porque se a quiseres ganhar, vais perdê-la.

16 comentários:

Dário Cardina Codinha disse...

A nossa consciência é fruto da sociedade em que vivemos e formada por uma ética dessa sociedade. Para uma sociedade o "bem" é o "mau" para outra.

O acto de roubar é relativo a uma sociedade, não se torna lei mas sim uma norma social.

As leis sociais são formadas pelas sociedades, por este motivo há leis diferentes para sociedades diferentes.

As leis físicas são formadas pelos campos de acção das partículas elementares.

natenine disse...

Bom mas em todas as sociedades há o senso do dever, como eu disse. Apesar desse dever poder diferenciar em alguns aspectos, esse dever existe.

Como se originou a ética?

Para ti não existe nem bem nem mal absoluto, nesse caso um acto de pedofília, violação e homicídio não é mau em si mesmo, como tal qualquer um pode fazê-lo inclusive com os teus familiares, o que é mau para ti não é para um criminoso deste género. Estás a ver o perigo de relativizar a moral?

Dário Cardina Codinha disse...

Sim, um acto é relativo éticamente. Um acto de pedofilia ou de matar os velhos pode ser feio aqui mas pode ser natural noutra sociedade.

Depende da evolução de cada sociedade, das normas criadas nessa sociedade, das suas crenças. A sociedade ao evoluir constrói um caminho, cria normas.

Há sociedades que matam os velhos porque não são úteis e isso é visto com naturalidade. Há sociedades que lançam jovens de árvores de cerca de 10 andares, se sobreviverem é porque estão aptos a passar à fase adulta.

Podem ser acções que eu, nem tu, faríamos. Mas eles fazem. É relativo.

natenine disse...

Portanto achas aceitável qualquer acto, só achas no máximo feio é isso? Tens noção da atrocidade que seria se uma pessoa como tu governasse o nosso país? Toda a gente poderia fazer o que lhe apetecesse, e diriam em sua defesa que acharam que o que fizeram era correcto, num só dia toda a sociedade acabaria.
Portanto o que me parece é que dizes isso da "boca" para fora. Na verdade não és capaz de viver aquilo que dizes tão naturalmente.

Dário Cardina Codinha disse...

Uma pessoa insere-se numa sociedadem que é um grupo de pessoas que seguem os mesmo rituais e aplicam as mesmas normas. Se uma pessoa vivesse na nossa sociedade e se comportasse de outro modo seria mal vista. Temos de respeitar as regras da sociedade em que estamos. Se eu for viver para uma sociedade que só se veste de vermelho e que é pecado vestir azul, eu, por respeito não me visto de azul. Isto para não chocar as pessoas. Outra coisa é fazer mal a alguém dessa sociedade. Claro que não é aceitável uma pessoa de uma tribo que mata os velhos vir para uma sociedade que não a dele fazer o mesmo.

Ou seja, as normas são aplicáveis a cada sociedade, e não a uma pessoa deslocada. Ele pode matar os velhos na sua sociedade, porque é aceitável, mas não o deve fazer numa em que tal acto não é aceitável. A isto chama-se relativismo cultural, e é estudado em ética e bioética.

natenine disse...

Então e se para um não existirem barreiras culturais?
Repara que o respeito pelas sociedades alheias também é relativo a cada sociedade. Há sociedades que vêm que as outras devem ser conquistadas pela sua cultura, o caso da cultura islâmica. Dário fizeste agora mesmo um bom uso da lei moral.
Repara é inevitável.

Dário Cardina Codinha disse...

Cada cultura tem o seu espaço. Os islâmicos querem dominar? Isso é uma guerra geo-política que nada tem a ver com culturalismo. Eles não andam a querer que as outras culturas retenham as mulheres em casa e de burka.

Uma cultura nasce com um povo. Para uns usar burka é normal e ser violadas pelo pai e irmão também o é. Para outros isso é inadmissível. Tu estás a julgar as outras culturas colocando como matriz a tua cultura. Óbvio que, relativamente à tua as outras são todas más, porque tu nasceste nesta cultura em que matar porcos e vacas é aceitável.

O relativismo cultural é isso mesmo, relativamente a uma cultura, a outra, de acordo com a minha visão é melhor ou pior. No absolutismo todas são o que são: diferentes.

natenine disse...

Não, não. Eu não estou a defender a cultura ocidental, tanto mais que há coisas nela que reprovo.
Eu estou a falar de uma perspectiva Bíblica, que já referi ser autoridade.
Aquilo que quero dizer é que não há outra perspectiva funcional.
O relativismo aniquila-se a si próprio pois de forma absoluta relativiza todas as coisas, e se é tudo é absoluto e já não relativo.
A verdade, a moral e o prazer não são relativos a culturas, são absolutos e o homem tem-os moldado com o tempo, apesar de tudo continuam absolutos.

Dário Cardina Codinha disse...

O ser relativo e o ser absoluto pode querer dizer o mesmo. relativo é comparares algo com um referencial. O absoluto não é uma comparação, é uma constatação e ponto. Não podes dizer que comer chocolate faz bem pois é relativo de pessoa para pessoa. Tal como não podes dizer que se devem matar os velhos e doentes porque é relativo a culturas.

"O relativismo aniquila-se a si próprio pois de forma absoluta relativiza todas as coisas, e se é tudo é absoluto e já não relativo."

Como escrevi atrás algo relativo pode ser absoluto, basta retirarmos os referenciais. Em segundo estás a dizer que o tempo e o espaço também se aniquilam?

Outra curiosidade, já reparaste que estás a usar uma matriz, que é bíblica, para julgar as acções de outras culturas/religiões. Isto nada mais é do que relativizar.

natenine disse...

Eu não disse que não existem coisas que se possam relativizar, porque existem, mas existem coisas que não se podem relativizar, uma delas é a ética.

Não estou a relativizar, antes pelo contrário a tornar absoluto.
E repara que o curioso és tu que a defender o relativismo fazes afirmações absolutas.

Dário Cardina Codinha disse...

A meu ver a ética não é absoluta. A ética é o conjunto de normas sociais. A ética é relativa e pode ter respostas diferentes consoante os casos. Por isso existem os dilemas éticos, casos de resolução complexa ou mesmo sem resolução. Existem também diversas teorias éticas. Se a ética fosse absoluta teria resposta absoluta e única para os problemas e não haveria mais do que uma ética.

natenine disse...

Independentemente da maneira como diferentes culturas vêm a ética, ela é absoluta.
De outra forma não podemos categorizar nenhum acto como errado, porque a ética é a aplicação da moral, é a moral na prática.

ADAMANTDOG disse...

A ética não pode ser absoluta nunca
porque são padrões de moral estabelicidos pelos homens.
Absoluto só Deus.

natenine disse...

ADAMANTDOG, as suas afirmações são absolutas?

Dário Cardina Codinha disse...

A ética não é absoluta. As normas nasce de uma sociedade. Sociedade essa com princípios diferentes, com tradições diferentes. Logo a ética será diferente. Existem várias éticas. Existem também dilemas éticos numa mesma sociedade. Problemas com uma resolução complexa, dependendo de cada caso, e problemas sem resolução.

Marcos Sabino disse...

"A ética não é absoluta."

Lembra-te desta frase da próxima vez que vieres criticar a moralidade de alguém.